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terça-feira, 15 de março de 2011


A discussão sobre a existência ou não de vampiros, ao longo
da História, expressa o imaginário do homem sobre temáticas
como a da morte. A vida além-túmulo, própria dos vampiros,
representa, também, a curiosidade humana no que se refere ao
sobrenatural, ao mundo mágico. Boa parte dos seres que mediam
o “real” e o “não-real” são representados pela figura dos
monstros. A presença cada vez maior destes no mundo contemporâneo
- lapidada ou não pelas diferentes mídias -, a fragmentação ou a fragilização
das ideologias da racionalidade e do progresso. Afinal, como
acreditar em monstros em pleno século XXI? Alguns jovens norte-
americanos, no entanto, em meados da década de 90 do século
passado, desafiaram os paradigmas da razão, ao se auto-
intitularem “vampiros”, ousadia esta que culminou com o assassinato
de duas pessoas e com a condenação de outra à pena
de morte. Entende-se aqui o vampiro como parte do imaginário
sobre os monstros.

Pergunta-se: o que é, afinal, o vampirismo? Um movimento
anti-religioso? Uma prática em busca do auto-aperfeiçoamento?
Loucura? Alienação? Não existe, na verdade, um consenso sobre
tal conceito, mas muitos pesquisadores desta temática afirmam
que é crescente o número de grupos que se organizam
para estudar – e praticar - o vampirismo, em diferentes regiões
do mundo. O fato de os “vampiros” serem cada vez mais jovens
pode ser explicado pelo papel da indústria cultural, em especial
do cinema, grande divulgador da figura do vampiro – e de outros
monstros - desde o final do século XIX. “a cultura contemporânea acabou por torná-los familiares, trazendo-os para nosso cotidiano e privacidade”. Esta
familiarização (ou comercialização) gerou a criação, inclusive,
da chamada “Draculândia”, um parque temático de diversões,
localizado na Europa Oriental, além das diferentes produções
sobre vampiros – livros, CDs, brinquedos e outros bens culturais
– anteriormente mencionadas. Outro aspecto importante a ser considerado é que o vampirismo afirma-se por meio de sistemáticas negações do cristianismo,
pois seus adeptos não aprovam os símbolos cristãos – nem
católicos. Esta situação, no entanto, não permite formular nenhum
conceito sobre o que é vampirismo. O máximo que se
pode fazer é acompanhar os diferentes rituais que envolvem
esta crença e aproximá-los entre si. As práticas desenvolvidas
pelos vampiros de Murray, por exemplo, são parecidas com outras
relatadas por historiadores e estudiosos do tema. O ato de
beber sangue, as mutilações, as trocas sexuais e a aversão ao cristianismo, assim, configuram-se como fatores pretensamente
“universais” no mundo dos vampiros.
Outra possibilidade de abordar o vampirismo refere-se aos
estudos sobre a magia.“a
práxis mágica é um modo de agir que tem por objetivo alterar a
natureza de maneira específica, a fim de satisfazer o desejo humano
de dominação”. O vampiro – e isso vale para aqueles
abordados no documentário – busca, primeiramente, o controle
de seus sentidos. Após, busca desenvolver a habilidade de interferir
ou influenciar a vida alheia, por meio de leitura da mente
do “outro”, por exemplo. A troca de sangue, nesse sentido, representa
exatamente o estar no “outro”, dentro de seu corpo e
de sua alma. É possível associar o vampirismo a uma modalidade mágica
conhecida por “Magia Natural”. essa ocupa-se em estudar “os fenômenos paranormais,
ocultos, do organismo humano e a maneira de obtê-los e
reproduzi-los nos limites do organismo”. Essa modalidade, para
o referido autor , “encontra sua essência na potência
do próprio homem”. Não é possível, no entanto, afirmar que o
vampirismo é, definitivamente, magia. Ambos os termos são
complexos e envolvem a compreensão de diferentes práticas e
lógicas de funcionamento.
Fica a impressão, assim, de que o vampirismo é uma crença
antiga, resgatada, em especial no Ocidente,

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